segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Lendas Escoteiras O lindo Balão Azul do Escoteiro Zezé dos Pinhais.



Lendas Escoteiras
O lindo Balão Azul do Escoteiro Zezé dos Pinhais.

Prefácio: - Levei o dia todo, a minha tarde inteira, Não joguei futebol e até nem quis brincar de soldado e ladrão... Ajoelhado na sala, a minha brincadeira, foi cortar os papeis de cores, e os juntar. Fazendo o meu balão... Escoteiros sabem que balão mata, destrói famílias, destrói fabricas lojas e por isto evitam e não soltam balões.

             No meu tempo de menino eu adorava balões. Quantas vezes eu sonhei em voar pelo céu em um balão. No meu entusiasmo esquecia-me dos perigos que ele representava. Todas as vezes que Seu Nonô Baloeiro soltava seu enorme balão eu corria para lá. Meu pai me proibiu. Meu pai! Nunca me encostou um dedo. Chegava em casa e ele pacientemente dizia - Zezé balão mata. Muitos morreram assim queimados. Uma dor horrível. Quando não morrem ficam marcados para sempre!

             Mesmo sendo escoteiro no alto dos meus treze anos eu sabia do perigo, mas o que fazer? Eu amava os balões. Quando ele se elevava ao céu, quando os foguetes estouravam, quando a placa se desfraldava pulava de contente. Minha alegria era contagiante. Se pudesse eu ficava ali por toda a noite a ver os balões subirem aos céus nas noites estreladas de maio junho e julho. Um espetáculo que encanta toda criança que não mede o perigo que ronda os balões. Nas reuniões de Patrulha eu sugeria que fizéssemos um dia uma competição de patrulhas para ver quem soltava o mais lindo balão. Nunca aprovaram. O Chefe Valdez muito educado dizia – Balão só trás a infelicidade. Alegrias de uns tristezas de outros.

             Mas eu amava também os escoteiros. Nas reuniões de Tropa, nas excursões, nos acampamentos eu vibrava como se estivesse soltando balões. Para dizer a verdade eu não sabia daquela minha sina. Queria crescer para poder ficar junto ao seu Nonô Baloeiro, a fazer e a soltar os balões. Ele tinha dezenas de ajudantes que ali estavam sem nada a receber. Quando comentava com o Chefe Valdez, ele sorria e dizia – Zezé, eles sabem trabalhar em equipe, mas muitos deles gastam o que não tem para que o balão suba aos céus. Eles deixam suas famílias, sacrificam o pequeno salário que recebem e nem pensam que estão prejudicando a sí próprio. Fecham os olhos para as desgraças, as desventuras e a infelicidade dos queimados, a miséria por ter perdido seu ganha pão, sua casa.

           Zezé dos Pinhais ficava triste quando alguém lhe dizia do perigo dos balões. Mas ele gostava tanto que dizia: - O que os olhos não veem o coração não sente. Verdade ou não os balões e o escotismo eram os sonhos de Zezé. O acampamento anual se aproximava. Iam acampar no Rancho da Lagoa. Ele nunca tinha ido lá. Fosse onde fosse Zezé vibrava. Amava sua Patrulha Morcego. Vibrava com os jogos, com a montagem do campo, pioneirías e do fogo de conselho. Quando Zezé olhava para o céu estrelado pensava: Não poderia ter um enorme balão passando?

           Zezé não contou a ninguém. Em casa escondido construiu um lindo balão azul. Ele sonhava em fazer um. Sonhava em ver o balão coriscando nos céus em uma linda noite de inverno. Não haveria foguetes. Ele não podia comprar. Sabia que todos seus amigos na patrulha nunca iriam “vaquear” para comprar. Custou para comprar o papel, construiu devagar à cangalha e depois a tocha. Levaria para o acampamento escondido. Não mostraria para ninguém. Ele sabia que na segunda noite haveria um jogo noturno. Iria fingir ter dor de cabeça e zarparia para uma área descampada e então soltaria seu balão. Seus olhos cintilavam quando pensava no seu plano.

            Chegou o dia do acampamento. A sede escoteira lotada de pais e mães. Todos preocupados, entregando bilhetes ao Chefe, e pedindo cuidado com seus filhos. Dois ônibus e uma longa viagem. Chegaram à tarde. Um pequeno lanche e preparando o fogão suspenso para o jantar. As Barracas armadas rapidamente. Mesas, toldos e em pouco tempo o campo de patrulha já podia dar todo o conforto de uma casa na selva. Zezé gostava tanto que às vezes esquecia do seu balão. No segundo dia o grande jogo. Zezé falou ao Monitor que não se sentia bem e se podia ser dispensado. Está dispensado, disse o Monitor. Quando o Jogo começou Zezé saiu de mansinho nos fundos de seu campo de patrulha. Nas mãos o bornal com seu lindo balão azul. Sonhava! Sorria! Cantava canções de louvores. Avistou um belo campo e um rio que corria com suas águas tranquilas em direção ao mar.

            Zezé tirou o balão. Desdobrou. Pegou a cangalha e a tocha. Quando ia acender a tocha para que o gás espalhasse pelo balão ele ouviu um choro de criança. Não viu ninguém. Onde seria? Largou seu balão e foi até a barranca do rio. Sentado em um tronco uma menina de cinco anos chorava em prantos. Ela estava toda queimada. Zezé sentiu o cheiro de carne viva queimando. Zezé não sabia o que fazer – Venha comigo, vou levar você até o acampamento. O Chefe vai lhe ajudar – Ela não respondia, mostrava sua casa toda queimada. Zezé viu saindo da casa um Velho e uma velhinha também queimados. Saíram gritando. Uma dor terrível. – Meu Deus! Pensou Zezé. O que foi? O que foi? – Corra menino o Velho dizia. É um balão nos céus. Matou minha família. Destruiu minha casa, queimou minha plantação de milho!

            Zezé acordou dentro da barraca. Lembrou do Sonho terrível. Agora fazia a mesma pergunta para ele: Eu poderia destruir uma família com meu balão? No ultimo dia Seu Pataxó, um índio que morava próximo ao rio contou a história do Velho Manequinho, Dona Valquíria e sua filha Martinha e que morreram no ano passado. Um balão caiu na plantação de milho, que atingiu sua casinha de sapé e não deu tempo para fugir. Morreram todos. Os olhos de Zezé se encheram de lágrimas. Poderia ter sido o meu balão pensou. Eu poderia ter matado todos eles! Juro meu Deus! Nunca mais, mas nunca mais mesmo vou tocar em um balão.

           Assim como Zezé tem muitos jovens que sonham com balões. Que está historia sirva de lição. Não é uma lenda. Todos os anos centenas de casos como este acontecem. Morrem adultos e crianças, perdem-se plantações que foram plantadas com o suor de quem precisa viver. "Balão no céu, perigo na terra". Todo mundo já deve ter ouvido essa frase em algum lugar, mas as pessoas não costumam dar muita atenção a ela. Os incêndios causados por balões podem ser bastante graves e podem destruir as casas, indústrias, plantações e até mesmo causar mortes. Seja um bom Escoteiro. Nunca solte balões!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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