terça-feira, 27 de novembro de 2018

Contos ao redor da fogueira. Otávio.



Contos ao redor da fogueira.
Otávio.

Prólogo: - Você ganha forças, coragem e confiança a cada experiência em que você enfrenta o medo. Por isso tem que fazer exatamente aquilo que acha que não consegue. Fortes são aqueles que transformam lágrimas em sorrisos.

                  - Tentei escrever uma frase e não consegui. Apenas dei a ele uma saudação escoteira para mostrar a falta que ele iria fazer. Eu sei que a morte nada mais é do que uma despedida inesperada que não temos o poder de contestar ou evitar. Em pé tirei meu chapéu e fiz um breve aceno com a cabeça. As lembranças bateram forte na minha mente e uma dor esquecida veio machucar meu coração. – Olhei para ele no seu ataúde e falei baixinho: - Você vai fazer muita falta... Seria verdade? Afinal fomos da mesma patrulha, tínhamos os mesmos sonhos, andamos por lugares nunca antes imaginados e o destino deixou na porta da esperança uma partida brusca de alguém que sempre morou no meu coração.

                   - Dava vontade de gritar de chorar e dizer que toda despedida é um encontro que ficou pra depois. Mas quando? Lembrar-se do seu sorriso, do seu canto, dos seus cabelos soltos ao vento na subida do monte Pantaneiro com seu grito de guerra de uma patrulha que não sabia o que era medo. - Ele dizia que despedir não é dizer adeus, é apoiar e desejar sucesso para nova jornada que está apenas começando. – Meu irmão Escoteiro - Ele me sussurrou na entrada da Gruta do Ouro como se fosse contar uma história: - Não fique triste com a despedida. Ela é necessária para que possamos nos encontrar mais uma vez. – Onde? Na eternidade?

                  - Os soluços não paravam. O Chefe passou o braço em meu ombro. – Monitor, na melancolia da despedida a esperança do reencontro nos dá força para suportar a saudade. – Não prestei atenção no que ele dizia. Precisava rezar acreditar que tudo passa, pois até agora eu não sabia se a vida iria passar. – Deus! Se um dia eu estiver prestes a perder as esperanças como agora, me ajude a lembrar de que os teus planos são maiores que os meus sonhos e minhas amizades.  A cada despedida eu morro por dentro. A cada reencontro sinto que estou indo para o céu!

                - A hora chegou. Aquela meninada escoteira triste me ajudou a caminhar ao lado Dele até sua última morada. Eu sabia que não haveria volta. Eu sabia que tinha de aceitar, pois meu Chefe sempre disse que eu devia seguir firme na direção das minhas metas. Lembrei-me das palavras de um Chefe amigo: - Escoteiro, saiba que o pensamento cria, o desejo atrai e a fé realiza. Acredite, amanhã será um dia melhor! – E ele? Onde estaria agora? Ali no campo santo a ver seus amigos com coração partido sem rumo e sem saber aonde ir? – Eu chorava copiosamente.  

                 - Não cantei a despedida. Nem fiz uma saudação. Eu estava morrendo por dentro. Senti alguém por a mão em meu ombro. Ela uma jovem noviça sorriu como a adivinhar que eu precisava ser consolado. Olhei para ela com os olhos rasos d’água. Afinal eu era o Escoteiro e ela uma novata. – Com um doce sorriso disse para mim que nunca é tarde para pegar uma velha história de amizade e escrever um novo final. – Que o azedume alheio não iria me impedir de espalhar doçuras por aí. Meu irmão Escoteiro tempestades não duram para sempre!

                  Ah! Quanto tempo ele se foi? Parece que foi ontem. Não tenho mais patrulha, agora sou um Escoteiro do mundo. Minha vida mudou e Otávio nunca saiu dela. Eu sabia que o destino une e separa. Mas nenhuma força é grande o suficiente para fazer esquecer pessoas que por algum motivo um dia nos fizeram felizes. Nas águas cristalinas do riacho onde estava parece que o vi no remanso sorrindo e dizendo: - Meu amigo vou indo. Quando eu voltar, estarei de volta!

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