terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Lendas escoteiras. As aventuras do Escoteiro Chico Landi.



Lendas escoteiras.
As aventuras do Escoteiro Chico Landi.

Prefácio: - Não duvides da história do Escoteiro Chico Landi. Nunca duvidei. Chico era um daqueles que se dizia com alma e Espírito Escoteiro. Seus casos são lembrados até hoje no livro da Patrulha. Eu sou testemunha da história.

                            Quando essa história aconteceu eu e o Chico não éramos do mesmo grupo e da mesma Patrulha. Sua história ficou conhecida e muito conhecida. Quando adulto e entrou para o restrito 1º Grupo de Gilwell contou aos IMs participantes que duvidaram de sua veracidade. Chico deu sua palavra de escoteiro. Seu pai um fã de Chico Landi, um famoso automobilista brasileiro resolveu batizar seu filho com o mesmo nome. Colocaram nele o apelido de Centelha na Tropa e não pegou. Chico Landi era danado, vivia a dizer: - Escoteiro não corre, voa! Escoteiro que é Escoteiro não chora da risada! A chuva para o Escoteiro é como pétalas de rosas a cair em seu rosto! Para o Escoteiro a palavra impossível não existe!

                          Ele tinha um caderno onde anotava tudo que acontecia com ele, acampamentos excursões, reuniões de sede e o escambal. Quando lobinho seus chefes às vezes perdiam a paciência pela insistência dele em acantonar. - Kelá! Quando tem outro acantonamento? Kelá chega de reunião na sede. Vamos passear no campo! Chico Landi adorava a natureza. Quando passou para os Escoteiros tudo mudou. Marcio o Chefe tinha pouco tempo para dedicar e deixava os monitores agirem sob a sua supervisão. Algumas vezes acampavam juntos e outras sem chefia.

                         Monty o Guia da tropa dizia sempre: – Onde tem um Escoteiro tem uma Tropa e onde tem uma Tropa tem aventuras. O escotismo o absorveu tanto que Dona Laurinda foi conversara com seus pais. – Chico Landi anda mal nos estudos, vive nas nuvens, Chico Landi não pode continuar assim, só fala em escotismo, escotismo e mais nada! Doutor Juvenal pai de Chico Landi era um pai compreensivo. Conversou longo tempo com o filho.

                        Chico Landi adorava o pai. Seguia seus conselhos a risca. Mas Chico amava o campo. Adorava correr pelas campinas, espantar as borboletas colher flores silvestres e ficar horas vendo os raios de sol de um amanhecer. Sabia fazer nós, reconhecia qualquer gorjeio de pássaros, qualquer canto. – Olhe! Ouçam! É o pássaro Preto do serrado perdido aqui nas campinas! Pegadas? Chico era um bam, bam. Nos acampamentos sua Patrulha Lobo era a primeira a dar o grito para o almoço, jantar, inspeção, formaturas e sempre motivando a patrulha.

                       - Monty, por que não acampamos? Monty ria, ora, ora Chico Land, não podemos viver em um acampamento. A sede precisa de nós. Humm! Se é assim vamos fazer um Salcedo! Para quem não sabe Salcedo era um apelido que deram ao Comando Crow. Eles faziam diferente, um de cada lado, ao se encontrarem tinham de passar um pelo outro. Sempre um despencava no chão. A vida era bela para Chico Landi. Uma família que o amava, uma Patrulha sem igual.  

                        - Além do escotismo Chico gostava de Dona Laurinda a professora e o Padre Gabriel. Eles faziam parte da família feliz de Chico Landi. A vida tem destas coisas, quanto menos se espera o destino bate na porta. Desta vez demais. Seis bandidos resolveram assaltar o Banco do Brasil da cidade. Prenderam os quatro praças e o sargento Nonô na cadeia. Acharam que a cidade estava dominada. No banco Pinta Cega um vaqueiro da fazenda Luvião não achou graça. Mandaram todo mundo deitar dando chute nas costas e na cara dos clientes. Pinga Cega não levava desaforos para casa. Seu 38 dentro do bolso de seu paletó.

                         Nenhum dos bandidos reparou nele. Era um anão de um metro e cinquenta, magro e um bigodinho a lá Charles Chaplin. Com três tiros Pinga Cega matou três, mais um tiro e outro caiu estrebuchando no chão. Dois correram e Pinga Cega correu atrás. Na corrida ele recebeu um balaço nos quadris e mesmo caído atirou. Não acertou ninguém e desmaiou. Os bandidos fugiram sem levar nada. Foi levado ao hospital e ninguém soube mais dele. Todo mundo assustando não notaram atrás de um pé de Jabuticaba que Chico Landi gemia e cantava. Um canto triste. Dona Modesta viu. Chico Landi sangrando. Tentou imitar o seu herói querendo caminhar com suas próprias pernas e não deu. Caiu desmaiado.

                         No hospital ficou entre a vida e a morte. A escoteirada, a lobada e os chefes o visitavam todos os domingos. Dona Neném sua mãe dia e noite ao seu lado. Seu Pai o Doutor Juvenal fez tudo que podia. Chico não iria morrer, mas estava tetraplégico. Nunca mais iria andar. A noticia caiu como uma bomba na cidade. O Grupo escoteiro em peso chorava. Uma missa foi celebrada. Vivaz, grande Escoteiro, amante da natureza, era uma infelicidade ele ficar assim.

                A missa foi na praça da cidade. Cheia, tudo apinhado de gente. Escoteiros coroinhas no altar ajudavam na missa. A Akelá Rosinha, a Baguira Vera e o Balu Nonato choravam como bebês. Monty o Guia da Tropa firme com seu bastão em pé ao lado do altar. Seu coração sangrava. A ambulância trouxe Chico Landi. Chico Landi em uma cadeira de rodas chorava. Todos olhando e soluçando. Alguém gritou – Uma palma para Chico landi! Que palma linda! Chico não acreditava que estava tetraplégico. Pediu a Deus e então o impossível aconteceu. Chico Landi se esforça e fica em pé. Médicos não acreditando no que viam. Chico sorrindo. Cambaleando foi até o altar. O padre Gabriel ajoelhou e gritou – Um milagre! Um milagre! Louvado seja Deus! Um coro de palmas durou bem uns vinte minutos. Sorrisos em profusão.

                 Foi carregado pelos escoteiros. Chico Landi ria e gritava: - “Monty, Monty”! Eu quero acampar! Eu quero ver as flores no monte Sariel, eu quero beber a água da fonte do roncador. Monty, Oh! Monty. Papai e mamãe estão sorrindo eles não vão dizer não. Foi demais... Chico landi com lágrimas parou de chorar. O milagre aconteceu. Chico ficou bom assim do nada.  

                 Uma brisa gostosa vindo do norte nos pegou de pronto. Olhei para Jota Mauro, ele sorria. Olhamos de novo para Chico Landi e sua história fantástica. Ele sorria de olhos fechados. Verdade ou não ele estava ali fazendo tudo que tinha direito como o Escoteiro que era. Fiz questão de abraçá-lo. Todos em volta do fogo fizeram o mesmo. O Escoteiro tem uma só palavra e Chico era daqueles em que se podia acreditar.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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