domingo, 13 de janeiro de 2019

Lendas da Jângal. A cidade dos homens.



Lendas da Jângal.
A cidade dos homens.

                    Passaram-se três meses que Mowgli havia ido para a cidade dos homens. Andava muito ocupado em aprender os usos e costumes deles. Teve que acostumar-se a usar panos em cima do corpo, o que lhe incomodava muito, a empregar o dinheiro e a usar o arado, que lhe era inútil. Os demais garotos o punham furioso. Felizmente a Lei da jângal lhe ensinara a dominar-se, porque na vida selvagem o alimento e a segurança dependem muito do domínio sobre si próprio.

                   Mowgli desconhecia a sua própria força. Na jângal sentia-se fraco, em comparação com os animais selvagens; na aldeia, os homens o consideravam forte qual um touro, mas nada conhecia a respeito das castas. Tratava a todos com igualdade, o que não agradava a alguns, como o sacerdote. Na aldeia Mowgli conheceu um caçador chamado Buldeo, que reunido com os velhos da aldeia contava muitas mentiras sobre os animais da jângal, inclusive histórias inventadas por ele sobre fantasmas. Mowgli provocava a raiva do caçador ao desmentir as histórias contadas por ele. Ao ser repreendido por meter-se na conversa dos mais velhos, foi mandado a pastorear os bois e búfalos, o que não lhe era nada difícil.

                    Então ele disse aos outros garotos que tomassem conta dos bois, que ele sozinho guardava os búfalos. Como os búfalos gostavam de pontos pantanosos para se refrescarem do calor ele os levou para o extremo da planície, lá onde o Rio Waiganga sai da floresta. Saltou no pescoço de Rama, o chefe do rebanho e correu ao local onde marcara com o Irmão Gris.

                  Buldeo ficara assustado achando que era magia ou feitiçaria, pois jamais vira um humano dar ordens a um lobo. Ao chegar à aldeia contou histórias de feitiçaria e encantamento que deixou o sacerdote assustado. Após retirar e guardar a pele do tigre, Mowgli e os amigos, recolheram novamente os búfalos e retornaram para a aldeia. Ao chegarem viram luzes acesas e pensou "deve ser uma homenagem a mim por ter matado Shere-Khan"; mas uma chuva de pedras fora lançada em sua direção contrariando seus pensamentos.

                 - Feiticeiro, Lobisomem! Demônio da jângal! Fora! Fora! Atira Buldeo! Atira! - Mowgli parou assustado com as pedras e os gritos. - Não me parecem muito diferentes dos da alcatéia, estes teus irmãos homens disse Akelá, sentando se calmamente sobre as patas traseiras. Parecem que estão te expulsando do povoado. Outra vez? Exclamou Mowgli. Da primeira vez insultaram-me de homem.  Agora de lobo! - Vamo-nos daqui Akelá.

Uma mulher corre em sua direção e diz:
- Meu filho! Dizem que você é feiticeiro, não creio, mas vai-te antes que te matem Só eu sei que vingaste a morte do meu Nathoo. - Agradecei a Messua, homens; Por amor a ela deixo de invadir a aldeia com meus lobos e caçar a todos.

Depois do desabafo, incitou os búfalos sobre quem os apedrejavam, e tomou o caminho da jângal seguido dos dois amigos. Olhava as estrelas e sentia-se imensamente feliz.

                    Ao chegar ao jângal, após rever Mãe Loba, foram a Roca do Conselho, onde Mowgli apresentou a pele do tigre. Os lobos que chegavam à Roca encontravam-se aleijados, mancos e feridos devido terem ficado sem chefe desde que Akelá foi deposto da chefia. Após verem a pele do tigre os lobos pediram para Akelá chefiar novamente a alcatéia. Mowgli, por sua vez resolveu não mais pertencer a alcatéia e caçar sozinho na Jângal somente em companhia dos quatro irmãos lobos, até o dia em que...
Mas isso já é outra história.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....