quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

É O FIM DO MUNDO!


É o fim do mundo!
Por Fernando Robleño

Leia amanhã como o mundo acabou hoje.
 Anônimo

    - É o fim do mundo! É o fim do mundo! – gritou um dos patrulheiros, fazendo chacota, mas sem conseguir disfarçar o próprio medo. No meio da noite, estávamos todos dormindo em mata densa quando um forte vento fez as árvores chiarem e gemerem. Abri um olho e notei que havia adormecido ao lado da fogueira, e sob minha cabeça eu usava um tronco como travesseiro.

        Havíamos levado sacos de batatas para que servissem de rede de descanso, mas acabamos encontrando uma cabana de caçador (aquela era uma região de caça) e decidimos usá-la como nosso abrigo para o pernoite. Eu adormeci fora desta cabana enquanto ainda conversávamos ao redor do fogo. Meus companheiros talvez concordaram que não seria uma boa idéia me acordar, já que havíamos caminhado o dia inteiro e estávamos exaustos. Deixaram-me ali, ao lado da fogueira. Ao menos calor eu tinha.

      “É o fim do mundo!”, voltou a gritar. Todos estavam de pé, olhando para o céu. Meus olhos se cruzaram com os do chefe, que havia montado sua rede a dois metros da cabana. Agora ele estava sentado e olhava, também, para cima.

       A cena, se lhes digo a verdade, transmitia pavor. O céu, aquele que espiávamos pelas frestas das árvores, estava repleto de estrelas, como uma noite normal vista pela tranqüila janela de um quarto. Mas o vento não era daqueles que precedem a chuva ou a tormenta. Era um vento forte, quente e fazia as árvores mais altas balançarem e estalarem e suas folhas caírem como se a mata decidisse, de um dia para o outro, que o outono chegou. Do alto de nossas Lis de Ouro e Cordões de Eficiência, nunca admitiríamos, mas estávamos com medo.

       De pronto, como alguém que perde o fôlego, o vento parou. As árvores suspiraram e pararam de tremer. Nós as acompanhamos: calamos-nos, espiamos por última vez por cima dos ombros, ainda esperando uma nova oleada de temor, mas nada aconteceu. Duas palavras ditas para avaliar a situação e ter certeza de que estávamos todos bem e resolvemos, então, voltar as nossas camas. Tentei, sem sucesso, escapulir-me para dentro da cabana de caçador (parecida a uma trave de futebol com uma lona), mas já não havia espaço. Voltei ao meu tronco-travesseiro e dormi, sem sonhos, tranqüilo, a fogueira ainda em brasas. O outro dia foi um outro dia.

A coisa que mais me deixa com medo são aqueles raros momentos em que não sinto medo de nada.
Anônimo


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