segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O 1º (primeiro) Grupo de Gilwell.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O 1º (primeiro) Grupo de Gilwell.

                Desde que comecei a escoteirar lá pelos idos de 1947 que tenho uma queda pelas místicas e simbolismo escoteiros. Fui de um Grupo Escoteiro humilde, sem “grandes chefes” motivo pela qual só fui tomar conhecimento de muitas místicas criadas por Baden-Powell muitos anos depois. Fora o Guia do Escoteiro do Velho Lobo e um Escotismo para Rapazes nossa literatura era escassa. Naquela época criávamos místicas e simbolismo da promessa, da passagem, e não esqueço a Caverna do Dragão (nós que apelidamos) do Rio Doce. Alguns quilômetros acima de São Raimundo onde fazíamos nossas promessas, recebíamos distintivos ou então o ingresso em cerimonial em uma Patrulha escoteira ou sênior.

                Só fui conhecer a Insígnia de Madeira por volta de 1953, quando engraxava sapatos na Estação ferroviária, e vi um senhor com um distintivo da flor de lis na lapela descendo do Noturno. Para nós era como se tivéssemos aberto o mundo da fraternidade e eu logo o interpelei. Soube que era um Chefe de São Paulo, e o convidei a ir ao grupo. Agora? – perguntou. Sim, em menos de quinze minutos todos os escoteiros e lobos estarão lá. Foi divertido ouvi-lo. Contou sobre muitas coisas. Explicou que era um Insígnia da Madeira e narrou à história de Gilwell Park.

               O tempo foi passando e eu atrás de cursos e literatura fui aprendendo sobre as tradições místicas e simbolismo. Em 1966 recebi das mãos do Chefe Darcy Malta minha IM. Ele com lenço suavemente me bateu três vezes em cada ombro e quando me colocou o lenço disse que agora eu pertencia ao 1º Grupo de Gilwell. Quando soube que iria haver uma reunião de Gilwell cuja presença era permitida somente aos IMs foi uma alegria. Não sei quem me disse que estas reuniões são confidenciais e não devem ser contadas a ninguém. Pena eu contei para Deus e o Povo Escoteiro! Rs.

                Hoje entrando nos meus quase setenta anos de escotismo me pergunto sobre muitas das místicas e simbolismo escoteiros. Havido em conhecer vou pesquisando seja em livros ou na internet. Sei que tem literaturas específicas, sei que muitos poderiam contar inúmeras delas, mas o que aprendi ainda deixa muito a desejar. Que o 1º Grupo de Gilwell surgiu após o primeiro curso em Gilwell Park é fato notório. Ele teria alguma mística quando realizado? Como seria seu programa?

   John Thurman Chefe de campo de Gilwell Park escreveu sobre Gilwell: - “Talvez pareça um contratempo dizer que o espírito de um homem permaneça depois que ele tenha desaparecido”. Porem no caso de B-P e a forma que ele influiu em Gilwell, constituem-se em uma grande verdade. É o espírito da tolerância, da alegria e camaradagem, de reflexão de preparação e generosidade, que se esboçou em seu livro Escotismo para Rapazes e que através dos anos tem se espalhado de Gilwell para o mundo... Portanto o lugar trata de manter vivo o espírito do melhor ensinamento de B-P. que se manterá vivo não por sentimentalismo, mas sim porque uma mensagem eterna, e todo mundo atual precisa da medicina que ele nos forneceu de forma tão generosa.  

                  Infelizmente a nossa associação no seu afã de ser a única escreveu que todos os escotistas que conquistaram a Insígnia de Madeira em qualquer pais passam a ser membros do 1º Grupo de Gilwell. Ela, entretanto frisa que só aqueles países pertencentes à Organização Mundial Escoteira (WOSM). Isso é contraditório. Se surgiu em Gilwell, se a IM foi conquistada de maneira legal, seria uma obrigação inócua. Se eu não me registro, tenho a IM e estiver em uma solenidade onde poderia haver uma Reunião de Gilwell não teria direito em participar?

                Baden-Powell sempre foi reconhecido como Chefe Perpétuo do primeiro Grupo de Gilwell. Sabemos que é um grupo único, bastante original, que rompe todas as regras e normas do mundo, não possuindo Assembleias, Diretoria, Conselheiros e Programa. Reúne-se  formalmente uma vez ao ano em Gilwell no primeiro ou segundo fim de semana de setembro. Muito de seus membros nunca participaram ou visitaram e talvez nunca o façam, porém se sentem orgulhosos em integrar este grupo.  Não são seres superiores e nem devem se sentir como tais, mas sim por terem despendidos esforços significativos na participação de um esquema de capacitação e experimentando uma forma impar de vida no campo. (É comum quando em alguma atividade se reúnem vários chefes portadores da IM realizarem um encontro do Primeiro Grupo de Gilwell).

               O 1º Grupo de Gilwell peca pela simplicidade. Suas reuniões na maioria são fraternas, onde lembranças acontecem, onde um dirigente conta a história de Gilwell ou algumas lendas ou mesmo algum interessante que BP escreveu. Nela se canta algumas canções oriundas de Gilwell Park. Existem várias delas. Canto com saudades aquela que diz: - Em meus sonhos volto sempre a Gilwell, onde alegre e feliz eu acampei! Vejo os fins de semana com meus velhos amigos, e o campo em que eu treinei. É mais verde a grama lá em Gilwell, onde o ar do Escotismo eu respirei, e sonhando assim... Vejo B.P que sempre viverá ali! Não esqueço também “Nos campos de Gilwell” cuja saudades aflora de bons acampamentos onde tudo começou.

              Mas a canção mais tradicional acontece no final do encontro do 1º Grupo de Gilwell onde cada um dos IMs relembram com saudade de suas patrulhas ou matilhas e todos acompanham saudosos dos tempos reunidos em algum curso avançado na face da terra. – “Volto a Gilwell, terra boa, lá um curso assim que eu possa vou tomar...” E cada um diz alegre com voz cantante: - Eu era um bom Touro, um bom Touro de lei, não estou mais toureando o que fazer não sei. Me sinto velho e fraco, não sei mais tourear... Logo a Gilwell assim que eu possa eu vou voltar!


“Ah! Que vontade de voltar a Gilwell, um belo curso, rever amigos, pisar na grama, sentir no ar o espírito de B.P que sempre viverá ali”!

Nota de rodapé: - Nos campos de Gilwell... Eu vou voltar a acampar Com meus amigos. E, junto ao fogo poder cantar. Nos campos lá em Gilwell como eu quero voltar. De mochila e cantil a acampar e com o peito transbordando de alegria. E com meus amigos juntos da fogueira nossas vozes reunidas, mil canções vamos cantar... Nos campos de Gilwell! 

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