quinta-feira, 21 de junho de 2018

Contos ao redor do fogo. A Medalha de valor!



Contos ao redor do fogo.
A Medalha de valor!

Valencio sorria, precisava. Há dias que uma tremenda escuridão se interpôs entre ele e o mundo que vivia. Cego? Não, havia uma réstia de luz para onde olhava. Agora estava ali, no lugar certo, no lugar de onde nunca devia ter saído. Era o Monitor da Leão e sempre honrou seu cargo. Quando o Chefe Javé o promoveu ele jurou cumprir sua missão custasse o que custasse. Viu todo o grupo escoteiro formado no pateo. Tinha outras patentes presentes. Lembrou-se de Montserrat o Comissário do Distrito, até Nonato seu antigo Chefe formado com todos e em sua volta uma luz brilhante. Mas ele já não tinha partido para se juntar com Deus?

Tremeu quando cantaram o Hino Nacional. Sempre foi um patriota. Cantava com orgulho em posição de sentido e com os dedos firmes na continência que sempre fez com garbo. O Padre Otoniel foi até o centro da ferradura. Valencio notou que todos choravam. Por quê? Chora-se também no cerimonial de bandeira? Ouviu uma forte palma escoteira... Riu... Sempre uma pipoca no final. Rsss. Foi até sua Patrulha, Liminha estava à frente segurando firme o Totem da Leão. Liminha era seu Sub Monitor. Gostava dele, leal, amigo e sincero em suas palavras e ações.

Padre Otoniel rezou um Pai Nosso acompanhado por todos. Também orei. Gostava de orar afinal era o coroinha preferido pelo Padre Otoniel. Colocaram uma mesinha de armar próximo ao mastro. Vi que ali estava à bandeira do Brasil após o arreamento. Ora... Cheguei atrasado? Eu nunca chegava. Iria pedir desculpas ao Chefe Otoniel. Uma caixinha pequena de madeira envolta em um feltro verde guardava algum tesouro. Olhou para o Chefe Otoniel com uma sombra de dúvida. Pensou em perguntar ao Chefe Nonato, mas ele estava distante.

O Comissário Montserrat tomou a frente da cerimônia. O que seria? Ah Valencio! Quanta coisa você perdeu nestes dias de escuridão. Surpresa! Pai Matias e mãe Tainá estavam ali. Por quê? Eles quase não iam ao Grupo Escoteiro. O Comissário Montserrat começou a discursar. Ele riu. O comissário gostava muito de fazer discurso. Uma vez no desfile de Sete de Setembro ele pediu ao prefeito e ficou quase quarenta minutos falando sobre escotismo. Rsss. Eita comissário danado. Notou que sua mãe e seu pai estavam chorando. Ficou triste... Muito triste!

Falavam sobre ele disso tinha certeza. Falaram que era um herói. Que seria lembrado por toda vida como um exemplo de menino escoteiro. Que seu feito iria marcar o Grupo Sol Nascente para sempre. Ele olhou de soslaio. A tropa chorava. Tito Lontra foi até a frente e com os olhos rasos d’água contou sua história. Contou que só não morreu porque eu o salvei. Ora só porque o tirei da ribanceira do Serrado do onça? Não fiz mais que minha obrigação. Totonho chorava. Fui até ele querendo abraçá-lo e não consegui. Disse para ele que não fiz mais que minha obrigação!

Tiraram da caixa uma medalha. Chefe Otoniel disse que era uma medalha de valor ouro e que eu receberia pós mortem. Uai! Logo eu? Não fiz nada só puxei Tito Lontra para não cair na ribanceira. Chamaram Papai e mamãe. Entregaram a eles a medalha de Valor. Era minha? Impossível! Eu estava vivo ali no meio deles... Uma luz brilhante apareceu no céu, um caminho se fez, alguém colocou a medalha no um peito, olhei-a com respeito... Estava de uniforme, parti na estrada brilhante levado pelas mãos do Chefe Nonato...

Nota – Alguém um dia disse que não gostava de meus contos com temas espíritas. Disse que era coisa do diabo. Risos. Porque esconder o que acredito? Gostem ou não minhas publicações sempre terão alguma pitada espiritual. Deus está presente onde houver amor, paz e boas obras.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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